sábado, 2 de novembro de 2013


"Moreno II" by Denilce Luca

"Butterfly Effect II" by Denilce Luca
"Tão só uma vida" by Denilce Luca
(Uma lágrima derramada a tantas mulheres...tantas vidas. Uma lágrima a tantas mulheres perfeitas. Uma lágrima a tantas mulheres dotadas de extraordinária sabedoria de vida, pois da vida só entende quem realmente sofre. Uma lágrima a tantas mulheres desprovidas de qualquer chance, desprovidas de um olhar, desprovidas de vida.)


Uma vida de mulher
Uma vida desgraçada
Abençoada em suas preces e falas apenas
Bendizendo humildemente o deus no qual deposita sua crença o dom da própria vida e as dos que gerou
Os que de seus seios agora murchos e secos sugaram alimento
Os que receberam o amor que a si mesma ela nunca dedicou

Ah Mulher... Se pudesse pedir algo a teu deus
Eu pediria que te libertasse
Pediria que te livrasse do peso que te impede de sentir-se livre
Que te livrasse do peso que te impede de expressar a dor e o rancor presos em teu peito
Que te livrasse do peso que te impede de maldizer seus filhos e as crenças às quais internamente agora renega
Que te livrasse do peso que te impede de amaldiçoá-lo
Que te livrasse do peso da crença
Que te livrasse do peso dessa vida miserável

E há tantas de ti pelo mundo
Esmagadas pelo sofrimento de uma existência destituída de vida própria
Vida vazia dedicada à servidão

Feias, magras, secas.
Tantas dessas pelo mundo
Mas ninguém vê
Ninguém nota

Imperceptível o rastro de uma vida vazia

Não há beleza a ser notada
Não há um belo corpo a ser admirado
Não há riqueza a ser invejada

Só uma vida
E afinal... que importância uma vida tem?


terça-feira, 24 de setembro de 2013


“Execução” (Padeceu sob o rebanho. Não foi crucificado. Foi porém morto e sepultado)
 by Denilce Luca

Encarcerado, mas liberto na alma.
Venci o medo.

O medo que impede o fraco de fazer o que quer.
O medo que incrusta os da minha raça em rebanhos.
Sem temer a qualquer deus, qualquer pai, filho ou santo espírito.

Serei executado.

Execução duplamente justificada pelo medo.
Pelo medo que venci
Pelo medo que os de minha raça têm do ser que me tornei

Agi só. Forte. Resoluto.
Aguardo ser executado pelo covarde rebanho.
Matei por haver perdido o medo.
Serei morto porque provoco medo.

Aos últimos instantes da vida enfadonha
Com meu último suspiro vem um sorriso
Feliz e sem medo.
Livre do medo. Livre da raça.


terça-feira, 23 de julho de 2013

quarta-feira, 15 de maio de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013


"Running Late" by Denilce Luca

 "Infelizes para Sempre" by Denilce Luca
(O texto exprime uma idéia um tanto machista. Considerando que nada pode ser mais machista que a condição que muitas mulheres ainda se impõe, resolvi publicá-lo. Uma visão despretensiosa sobre uniões 'mal acabadas')

A natureza dotou a Mulher de formas tentadoramente lindas, cheiros deliciosos, talento provocador. Toque macio e suave, cabelos, olhos e boca deliciosos. Bundas e pernas, o calor da vagina, lábios macios, pele gostosa...

O Homem, por sua vez ganhou o inegável instinto poligâmico, herdado genética e culturalmente, tornando-se presa fácil aos encantos de uma fêmea gostosa.

Exigir do Homem exclusividade sexual é um tanto difícil e parece-me uma meta irreal considerando sua herança, exigir do homem que apague em si a chama que o excita é pedir que viva encarcerado.

Porém, ao amar um Homem, a Mulher não admite dividi-lo com outra fêmea. Traição. A Mulher então controla, proíbe, ameaça, oprime. Dá-lhe filhos. Deforma seu corpo. Nesse momento a natureza, nada benevolente, a castiga tirando-lhe o poder de sedução a fim de dar-lhe subsídios para cuidar da cria. O Homem ainda deseja. Outras. Tudo então sai do controle. Instala-se o caos. A Mulher precisa manter a relação. Luta e utiliza suas armas opressoras a nível máximo.

Se em toda relação o desejável é que os envolvidos tentem ao máximo preservar o outro como um ser, como outro indivíduo, desejar uma mudança comportamental fugiria claramente do intuito de respeitar o outro. Minimamente é possível controlar alguns comportamentos até o ponto em que o outro, cansado, volta a agir como deseja e habilmente passar a agir de forma a omitir seus atos, desde os menores até os que genuinamente configuram a traição. Impossível controlar sentimentos, pensamentos e vontades.

A opressão é um veneno. Veneno poderoso, capaz de minar QUALQUER relação humana. O oprimido não ama, não exprime em seus atos seus reais desejos. Apenas age de acordo com o que lhe é exigido a fim de sobreviver.

Infelizmente hoje ainda a sociedade, em termos de relacionamento, impõe ao Homem um ideal de vida patético. Um engodo. O modelo familiar perfeito o destrói, aprisiona e tortura veementemente. O Homem elege como sua a fêmea que mais deseja. Linda, gostosa. Capaz de satisfazer seus desejos e manter a chama deliciosa do tesão, do prazer máximo. Engodo.  Fato mais que comum, documentado em fotos de família: a belíssima fêmea, "vestida de branco", sensual, gostosa, cheirosa, torna-se em alguns anos um ser altamente irritável e irritante, lidando com sobrepeso justificado pela total entrega a uma ou mais gravidezes. Desempenhando o papel materno a Mulher passa a padecer no Paraíso. O Homem já está no Inferno faz tempo. Ou desejaria estar.


Há sinais de mudança. Felizmente. A Mulher começa a se libertar de padrões que a ‘obrigam’ a casar e ter filhos. E caso opte por fazê-lo, desafia outros tantos antes impostos, desempenhando um papel muito diferente de suas ancestrais. Sem a busca frenética do ideal do ‘casar de branco’ a Mulher tira do  do Homem um grande fardo. Ele pode ter a seu lado uma Mulher tranquila e completa, não um ser dilacerado e ‘esvaziado’ em suas próprias vontades, metas e desejos.  

O maior trunfo feminino é sua inteligência deveras silenciosa e sagaz, capaz de facilmente subjugar o mais inteligente dos homens.  Tal domínio passa inúmeras vezes despercebido, já tendo sido expresso algumas vezes por ditos populares até. Repito, essa liberação feminina de tais padrões alivia a carga imposta ao Homem.

A Mulher inteligente hoje não precisa ligar-se a um Homem para viver de forma plena. E, ao escolher unir-se ao Homem, sabe fugir da tentação da opressão. Aguça seus próprios elementos de sedução a fim de – só assim – legitimamente fidelizar seu Homem, seu macho.

Contrariando o exposto, Homem pode ser fiel sim. Até quando ELE desejar. Até quando o encanto da fêmea única seja capaz de seduzi-lo. Até quando aquela Mulher seja tudo e o respeite de forma completa.

Finalmente temos uma relação completa. Dois seres completos. Que se respeitam, amam, desejam e; enquanto esse amor e desejo forem reais, a chance de ambos buscarem fora desse relacionamento algo que os satisfaça é demasiado pequena. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"Assim Rasteja a Humanidade II - Dopando a Prole" por Denilce Luca


A obediência embota, sufoca, esteriliza mentes brilhantes. A escola desde muito cedo auxilia a família no papel de enquadrar indivíduos e devidamente encarcerá-los para que não dêem trabalho.

A obediência é necessária para que seja possível a convivência da massa. A fim de ‘funcionar’ a sociedade precisa domesticar os indivíduos. Moldá-los.

Quando o processo de padronização do indivíduo é dificultado, entra em cena a ‘DROGA DA OBEDIÊNCIA’  - metilfenidato -  droga  usada para combater uma ‘patologia’  denominada TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Tarja preta. Causa dependência física e psíquica.

 A crescente incompetência dos professores e profissionais ligados à Educação, imperícia de terapeutas e psicólogos  e despreparo e/ou desinteresse dos pais em lidar com crianças com qualquer comportamento que fuja dos padrões de ‘obediência’ leva a criança a ser considerada portadora do tal TDAH.

Criança abriu a boca, tem TDAH. Eu pessoalmente, por haver trabalhado com Educação Infantil durante alguns anos ouvi isso inúmeras vezes. E posso assegurar, sem precisar de coleta de dados através de qualquer pesquisa de merda, que quanto maior o nível social dos pais maior o abandono da criança, que, se tiver sorte, vai estar nas mãos de uma cuidadosa empregada da casa ou babá que vai saber MUITO mais da criança do que a própria mãe, atualizadíssima quanto aos eventos sociais da cidade e tendências da moda.

Mamãe toma Prozac, filhinho toma Concerta. Sim, Concerta. O nome pelo qual o medicamento é comercializado é não menos ridículo e assustador.

Um falta total de princípios, uma vergonha para uma sociedade que supostamente abriga seres ao menos um pouco ‘humanos’.

Aliás, as enfadonhas comemorações de Dia das Mães das escolas poderiam ser substituídas por palestras tipo “A Senhora sabia que tem um filho?” ou “ A Senhora olhou para seu filho hoje?”. Quem sabe os sorrisinhos hipócritas provocados pelas lindas mensagens de ‘Ser mãe é padecer no paraíso’ seriam substituídos por um pouco de vergonha na cara...

Crianças muitas vezes sofrem caladas, fechadas em seu mundinho. Essas não são precisam de ‘Concerta’ pois não dão trabalho. Os pais fingem não ver. Adolescentes se drogam, chegam em casa bêbados e ninguém nota. Fazem sexo sem proteção e ninguém desconfia. Ninguém OLHA. Ninguém VÊ. Ninguém SENTE.

Muitos compram um animal de estimação e abandonam ao perceber que dá trabalho cuidar do bichinho. A situação de muitas crianças não é diferente. Para abandonar não é preciso largar na rua  - o que ‘dá cadeia’, diferentemente de largar um animalzinho. Há o abandono dentro dos limites do lar. Apesar da criança poder contar com  o necessário para sua subsistência, a dor é imensa.

 Por fim, a degradação generalizada da sociedade tem o efeito bola-de-neve. Através do exercício de seu poder de exigir a obediência, pais incapazes geram e criam filhos cada vez mais incapazes, um ciclo devastador onde o ser humano consome a si mesmo, destrói seu próprio habitat e subjuga outros seres viventes - seres inclusive muito mais valiosos e interessantes em termos de evolução.

E assim rasteja a humanidade...

Só não entendo como uma raça pode se autodenominar EVOLUÍDA dopando sua própria prole...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Libelo (Roberto Piva)

Não mais trarei justificações
Aos olhos do mundo.
Serei incluído
“Pormenor esboçado”
Na grande bruma.
Não serei batizado,
Não serei crismado,
Não estarei doutorado,
Não serei domesticado,
Pelos rebanhos
Da terra.
Morrerei inocente
Sem nunca ter
Descoberto
O que há de bem e mal
De falso ou certo
No que vi.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


"Valentinus and Julia" drawing by Denilce Luca 

THE LEGEND OF SAINT VALENTINE

'Emperor Claudius had ordered all Romans to worship state religion's idols, and he had made it a crime punishable by death to associate with Christians. But Valentinus was dedicated to the ideals of Christ, and not even the threat of death could keep him from practicing his beliefs.

During the last weeks of Valentinus's life a remarkable thing happened. One day a jailer for the Emperor of Rome knocked at Valentinus's door clutching his blind daughter in his arms. He had learned of Valentinus's medical and spiritual healing abilities, and appealed to Valentinus to treat his daughter's blindness. She had been blind since birth. Valentinus knew that her condition would be difficult to treat but he gave the man his word he would do his best. The little girl was examined, given an ointment for her eyes and a series of re-visits were scheduled.

Seeing that he was a man of learning, the jailer asked whether his daughter, Julia, might also be brought to Valentinus for lessons. Julia was a pretty young girl with a quick mind. Valentinus read stories of Rome's history to her. He described the world of nature to her. He taught her arithmetic and told her about GOD. She saw the world through his eyes, trusted in his wisdom, and found comfort in his quiet strength.

"Valentinus, does GOD really hear our prayers?" Julia said one day. "Yes, my child, He hears each one, "he replied.

"Do you know what I pray for every morning and every night? I pray that I might see. I want so much to see everything you've told me about!"

"GOD does what is best for us if we will believe in HIM," Valentinus said.

"Oh, Valentinus, I do believe," Julia said intensely. "I do." She knelt and grasped his hand. They sat quietly together, each praying.

Several weeks passed and the girl's sight was not restored. Yet the man and his daughter never wavered in their faith and returned each week.

Then one day, Valentinus received a visit from Roman soldiers who arrested him, destroyed his medicines and admonished him for his religious beliefs. When the little girl's father learned of his arrest and imprisonment, he wanted to intervene but there was nothing he could do.

On the eve of his death, Valentinus wrote a last note to Julia - knowing his execution was imminent. Valentinus asked the jailer for a paper, pen and ink. He quickly jotted a farewell note and handed it to the jailer to give to his blind daughter. He urged her to stay close to GOD, and he signed it "From Your Valentine." His sentence was carried out the next day, February 14, 270 A.D., near a gate that was later named Porta Valentini in his memory.

When the jailer went home, he was greeted by his little girl. The little girl opened the note and discovered a yellow crocus inside. The message said, "From your Valentine." As the little girl looked down upon the crocus that spilled into her palm she saw brilliant colors for the first time in her life! The girl's eyesight was restored...'

"E assim rasteja a humanidade" por Denilce Luca

A foto abaixo – como tantas outras levantando inúmeras bandeiras na tentativa de fazer um mundo melhor e mais justo sem levantar o bundão da cadeira – circula nas redes sociais com diversas legendas: desde ‘foto tirada por algum bom samaritano que presenciou o pobre morador de rua ser retirado de forma violenta por seguranças do estabelecimento’ até um doce comentário sobre ‘como foi comovente ver o pobre homem ler seu livrinho e ser tão bem acolhido no local’... 

E milhares exaltam, compartilham e aplaudem ou ficam indignados... Isso demonstra CLARAMENTE como é FÁCIL enganar a massa. 

Com um pouco de falta de caráter, coragem e uma pitada de eloquência é possível carregar consigo milhões de pessoas (e delas subtrair milhões em valores) em quase um piscar de olhos. 

Qualquer semelhança com líderes religiosos e políticos não é mera coincidência. É exatamente a mesma coisa. É assim que funciona. A maioria acredita EM QUALQUER coisa. E quando a mentira lhe convém, essa grande maioria torna-se dessa mentira fervorosa defensora. 

Atingindo qualquer sentimento manifesto ou latente é fácil disseminar uma onda que contamina massas e em pouquíssimo tempo tem-se um exército numeroso. Ignorância e proteção de interesses próprios dão o toque final. 

Último, mas não menos importante: a imagem do ser ‘social’, bem enquadrado, seguidor dos bons padrões de conduta. É a proteção da massa. Homens de família (pseudo-eunucos enclausurados que comem a vizinha), as santificadas prostitutas domésticas, donas-de-casa ‘bem’ sustentadas pelos maridos dando seu ‘um décimo’ ao amante frequentam a igreja e são bem colocados socialmente. Deve-se zelar pelas aparências. E a massa continua unida e homogênea. Nada de mau nos atinge sob a égide de nossos líderes. 

E assim rasteja a humanidade...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


" (...) Foi no terceiro dia de Outono que o Gato recebeu uma carta triste da Andorinha que dizia “Uma andorinha não pode jamais casar com um gato”. 



E no último dia de Outono, depois de terem percorrido “todos os lugares que haviam aprendido a amar na Primavera e no Verão”, quando a noite chegou, a andorinha disse ao gato que ia casar-se com o Rouxinol e partiu sem olhar para trás. 



Desde então, o Gato Malhado passou a andar triste e sozinho.



No Inverno, o Rouxinol e a Andorinha Sinhá casaram-se e foi tanta a tristeza do Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Foi a última vez que se viram. 



A Andorinha deixou cair uma pétala de rosa sobre o Gato e ele colocou-a no peito, parecia uma gota de sangue."



(O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Jorge Amado)




«O mundo só vai prestar 
Para nele se viver 
No dia em que a gente ver 
Um gato maltês casar 
Com uma alegre andorinha 
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha» 

(Trova de Estêvão de Escuna / Ilustração de Carybé)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


"Carta de uma Mulher Qualquer" by Denilce Luca

“Meu querido,

Espero que esta carta lhe encontre bem e gozando de perfeita saúde...
Aqui escreve uma mulher qualquer...

Fiz tua minha vida
Fiz tua minha pele
Fiz teu cada detalhe de meu corpo
Minha alma tão nobre e altiva
Altiva porém tola
Rendeu-se à grande insídia
Dominada pelo desejo
Completamente cega fez-se escrava de meu próprio corpo

Não precisava que algo dissesse 
Sabia ler teus olhos
Preferia que não dissesse
Preferia que teus olhos o fizessem
Meus ouvidos me traíam como o resto de meu corpo por ti enfeitiçado e amaldiçoado

Não precisava de promessas
Conhecia o escuro
Conhecia o vazio
O escuro e o vazio das mentiras que me faziam sangrar

Sofria por ti e gozava contigo

Submetia-me a teus caprichos e desejos e criava em tua mente tantos outros sem que pudesses perceber...
Te fazia sorrir quando te afagava
Te fazia gemer quando te desejava
Te fazia tudo porque tudo queria
Fazia tudo porque te queria tudo
Tanto te queria porque te amava tudo...
Tanto queria e nada pedia

Entreguei-te minha alma para que brincasse
Entreguei-te meu corpo para que pudesse ter o teu

Sabia que teu corpo com outra dividia
Com força sobre-humana transformava dor em resiliência
Fitava teu olhar fingindo acreditar no que dizias  a fim de saber se já havia finalmente tua alma dominado
Por fim, dominada tua alma, teus olhos me deram a esperança de ter sido por um momento de tua vida a única
Não sabia por quanto tempo seria a única
Sequer sabia por quanto tempo viveria...

Apenas uma certeza tinha
Apenas uma verdade me restava
Que ao terminar a jornada daquela vida
Um vazio ficaria e eu nada mais teria além da dor da tua lembrança...”

Chegou finalmente o fim da jornada daquela mulher...
E quão benevolente foi o destino... deixou o vazio, mas levou a lembrança

Finda a jornada...
Finda a dor
Restou-lhe apenas o pesar de ter amado em vão...

Talvez essa carta nunca alcance seu destino
Melhor assim
Pois como ela mesma afirmou “aqui escreve uma mulher qualquer”
Que teve uma vida qualquer...
“O grande medo vem quando a sensibilidade é tão grande que os sonhos preveem a tortura da realidade. O ser humano então precisa de uma âncora para que queira acordar novamente e não pereça em agonia” 
(by Denilce Luca)


Painting: 'Dante's Dream at The Time of The Death of Beatrice' by Dante Gabriel Rossetti

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


'On The Other Side' by Denilce Luca

'Saudade' by Denilce Luca                                         (Painting by Tomasz Rut)

E tentei escrever sobre a saudade...
Ao fazê-lo lembrei de ti e aquele mesmo suspiro veio...

Não sabia se deixava a folha em branco em menção ao vazio que fica quando estou sem você
Não sabia se descrevia todos os momentos e sensações que decerto ali não caberiam

Parei então e mais uma vez voltei minha atenção para dentro de  mim
e lá te vi...
Como sempre de tudo esqueci e fiquei a ouvir tua voz gostosa a sussurrar o que ecoa em mim e me faz viver

Com mais um suspiro veio a sensação do teu toque suave viciando minha pele
O ar mesmo sem querer ou poder trouxe teu cheiro

Meu corpo todo de imediato respondeu
Um tanto suado... um tanto trêmulo...

Vieram outros tantos sussurros
Vieram outras tantas lembranças

Chegou um sorriso
Chegou uma lágrima

Veio a vontade de você...
Uma alegria de te ter
O medo de te perder...

Larguei por fim o papel...

Se saudade é vazio
Não a conheço,
Sendo assim não a descrevo
Se saudade é tudo que por ti sinto no papel decerto não caberia

Se todos nossos momentos ainda são verdade vou esquecer a tal saudade
Ficarei com a verdade desse amor indescritível por natureza
Você em mim
Eu em você

A saudade que faz sofrer transforma-se em uma vontade louca de viver
Viver para ter mais de você