sábado, 15 de setembro de 2012


A Mom's Letter (Denilce Luca)

Filha, hoje você faz perguntas e não ouve mais minhas respostas. Quando pergunta. É hora de te deixar. E também de deixar você me odiar pois muitas coisas você ainda não entende. Mas isso não importa, pois meu sentimento por você sempre bastou por nós duas.

Um dia você crescerá de verdade. Terá seus bebês.

É o ciclo da vida talvez.

Até hoje cruzes carreguei por você para que você não sofresse. Cubri seus olhinhos pra que você não visse o que pudesse te fazer sofrer.

Mas chegou a hora de você ser mulher. E, ainda, talvez não entenda muitas coisas. E, como disse, até me odeie em alguns momentos. Porém deixarei que me odeie até que passes na vida por tudo o que ela tão impiedosamente quer que você passe.

Nos piores momentos de sua vida não estarei ao seu lado por impotência, respeito ou impossibilidade. Mas deixa que minha dor eu mesma carrego. A sua já está insuportável demais. Quisera eu poder continuar carregando todas essas cruzes, filha. Mas mamãe não pode. Ou não consegue.

Mamãe só pede que você tenha sabedoria e paciência, filha. Quando chegar o momento de você ler a vida da forma a me entender eu ainda estarei a seu lado. E nesse momento estaremos mais próximas do que nunca. Isso porque a vida já nos será mais piedosa. Mas por pouco tempo. Na maior parte de sua vida te amei de longe, mas isso pouco importa.

O tempo é relativo, minha filha. Não chore não, meu bem. A gente faz dele o que quer. Fiz dos momentos em que eu podia te acalentar eternos. Dos que eu não podia te tocar transformei em segundos.

Em pouco tempo não estarei mais com você, filha. Mas escute, minha querida: farei isso devagar. Perceberás que terei pequenas ausências, mesmo estando com meu corpo ao seu lado. Terás que me ensinar novamente a fazer coisas simples. Quem sabe um café.

Filhinha, a mamãe, não importa onde esteja, sempre lhe oferecerá o ventre para lhe acolher... e sempre pacientemente desatará todos os nós de seus cabelinhos.

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