sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


'A Predileta' by Denilce Luca

desejada por muitos
invejada por todas
para poucos a única

sua beleza só revezes trouxe

antes dona de si
perdeu o rumo
no caminho sem volta, exausta, desistiu.
sucumbiu finalmente aos desejos alheios
e deixou-se por fim ser consumida por inteiro

sem amor e sem dono 

a antes por muitos desejada, por todas invejada e para poucos a única
acabou tornando-se a “predileta”.

Arte: Olympia by Édouard Manet

terça-feira, 27 de novembro de 2012


O ator paulistano Eurico Martins dedicou-se essencialmente ao teatro, embora também tenha participado dos filmes "O Corpo" e "Sua Excelência, o Candidato", este uma adaptação do espetáculo teatral de Marcos Caruso também que ele interpretou nos palcos paulistas por quase um ano, com muito sucesso, na década de 80.

Ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no 24 º Festival de Cinema de Brasília
 por seu trabalho justamente em "Sua Excelência, o Candidato" ao lado de Renato Borghi e Lucinha Lins.

Embora tenha tido uma carreira curta, de pouco mais de 10 anos, Eurico Martins foi muito premiado e recebeu o Troféu Mambembe como melhor ator por sua atuação nenhum espetáculo infantil "O Gato Malhado e Andorinha Sinhá" em 1983.

Em 1990, foi vencedor do Prêmio APETESP de Melhor Ator por sua participação no espetáculo infantil "Palhaçadas".

Em teatro adulto se destacou nas peças "Sua Excelência, O Candidato" e "Tudo no Escuro".

Eurico Martins faleceu em São Paulo, em 1996.

Na foto, Eurico na peça "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá"

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012


NORMAN LINDSAY

Lindsay's creative output was vast, his energy enormous.  His frank and sumptuous nudes were highly controversial. In 1940, Soady (his wife and model) took sixteen crates of paintings, drawings and etchings to the U.S. to protect them from the war. Unfortunately, they were discovered when the train they were on caught fire and were impounded and subsequently burned as pornography by American officials. Soady's older brother Lionel remembers Lindsay's reaction: "Don't worry, I'll do more."

"Netuno" - BW - by Denilce Luca

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


'Tabula Rasa' by Denilce Luca

O julgamento é natural e inerente ao ser, precede qualquer decisão, da mais simples a mais complexa: ao acordar julgamos nossa própria aparência, o suicida em potencial julga os prós e contras de dar um fim na própria vida e qual a melhor forma de executar o ato.

E em nossa análise para consecutivas inúmeras tomadas de decisões continuamos julgando.  O julgamento carrega com ele o preconceito - conceito antecipado, dito “pré-conceito”.

Julgando pesamos lados opostos de algo ou alguém.  E tudo é confuso, pois, conforme Heraclito, os opostos são interdependentes: ‘A lei secreta do mundo reside na relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro. Nada existiria se não existisse, ao mesmo tempo, o seu oposto. Assim, por exemplo, uma subida pode ser pensada como uma descida por quem está na parte de cima. Entre os contrários se cria uma espécie de luta constitutiva do logos indiviso. ’

E com mais uma dose de Heraclito, acredito que o preconceito positivo torna-se negativo, incorpora-se na decepção – aquele ou aquilo que julgávamos ser bom é na realidade falho; enquanto que o preconceito negativo torna-se positivo, transforma-se em admiração, ou seja, surpreendemo-nos a perceber que aquilo ou aquele era bem melhor do que julgávamos.

O branco, que aparentemente é a ausência de cor, é a mistura de todas elas, o preto, aparentemente mistura pesada de cores, esse sim é a total ausência delas. O escuro é definido como a ausência de luz, ou seja, a luz precisa se ausentar para que ele exista. Sem a noção de luz não definimos o escuro. Sem o contraste com o escuro não saberíamos o que é luz.

O amor vira ódio, o ódio vira amor, e existe uma íntima correlação entre ambos considerando que só nos provoca ódio algo que seria potencialmente capaz de inspirar amor...

Somos então uma tabula rasa! Pois não somos. Só existimos porque outros nos veem, nos vendo nos julgam, somos então não um ser, mas uma imagem. E não depende absolutamente de nós fazer parte da decepção ou da boa surpresa. Depende sim, exclusivamente do julgamento de outrem.

Mas como nada é ruim ou bom, ou tudo é bom e ruim, sinto-me muito aliviada. Tirei de mim o peso da obrigação do bem-julgar. Nada é. Tudo é imagem. Tudo é ilusão. E assim, como boa ilusionista, crio uma realidade a mim mesma sustentável, e nos meus melhores momentos um mundo encantadoramente maravilhoso de se viver. Nos piores, lembro de nada ou simplesmente me esqueço de tudo. 

Apenas uma tabula rasa. 

sábado, 10 de novembro de 2012


Entre Cérebros e Vaginas (Denilce Luca)


Meu pai era um admirador da beleza feminina, como creio que todos os homens  são. Como dizem as mulheres há anos, “homem é tudo igual”. Fato. Mas mulher não. Aliás, a Mulher (ou pelo menos sua imagem) mudou muito durante os anos...

O passado recente guarda mulheres possuidoras de uma sensualidade altamente arrebatadora e sutil. Mulheres brilhantes, inteligentíssimas.

O nu e o lado safado por conta de Sônia Braga, enlouquecendo multidões com Gabriela e a Dama do Lotação, a belíssima Maysa escancarando sentimentos e devastando tudo e todos; a estonteante Ursula Andress, imponentíssima... Elke Maravilha (maravilhosa!) no extremo, divertida e ‘contraculturalíssima’ na vida pessoal, Leila Diniz quebrando violentamente os tabus da época, porém sempre dona de si e de seu próprio corpo (“Eu posso dar pra todo mundo, mas não dou pra qualquer um)”.

Ao ver uma mulher muito bonita meu pai dizia: “Imponente ela não?” Em seu comentário meu pai exprimia desejo. Que me perdoe minha mãe, mas ele daria tudo para possuir tal mulher. Sim. Antigamente o homem que conseguisse se deitar com uma dessas mulheres não lhe penetrava apenas a vagina, mas sentia como se estivesse penetrando também seu cérebro, sentia-se premiado. Era CONQUISTA.

E nossa época? Quais as mulheres marcantes? Bem, hoje temos frutas... Sônia Braga em uma entrevista disse:  “Devem ser deliciosas, mas nunca experimentei nenhuma. Devo te confessar que me dá um desejo enorme de experimentar um dia aquela Melancia. Se eu encontrar aquela mulher, sou capaz de dar uma mordida nela (risos). Tem a Morango, né? Existe a mulher banana? Aquela que tira a casca e se mostra toda? Tem coisas que passam do limite e se tornam engraçadas.  Concordo com Sônia. Aliás, melhor rir pra não chorar.

O sensual hoje é vulgar, mulheres com atitudes totalmente degradantes. Recentemente um programa humorístico mostrou ‘gostosas’ semi-nuas fazendo o circuito em uma pista de ‘Agility’. Deprimente. Não o programa, mas as pseudo-modelos/ atrizes que se prestaram a isso. Eu no lugar dos humoristas faria pior. O programa foi inclusive ameaçado pelos “Direitos Humanos”. Chamar as moças de ‘humanas’ é um pouco demais; de ‘vacas’ seria ofensa ao animal. Vamos primeiro definir a categoria, passemos depois aos direitos.

Onde estão as mulheres brilhantes, as grandes prostitutas, as mulheres de verdade? Que merda de ‘revolução sexual’ é essa? A mulher perdeu o discernimento, o encanto, o poder de sedução.

Não critico a mulher gostosa. Critico a vulgaridade de muitas que permitiram a criação dessa imagem infeliz a todas as outras. Tem que malhar, tem que ser bonita, tem que ser vaidosa, tem que ser gostosa. Mas não pode ter só bunda, vagina e peitão. Tem que ter cérebro também. Aí sim.

Basta comparar as fotos acima. Ursula ou Valesca??? Sônia ou Popozudas??

Eu, sinceramente, tenho pena dos homens de hoje (os de bom gosto, não os que comem qualquer coisa).


"O Negrinho do Pastoreio" - (Lenda Brasileira) by Denilce Luca

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


'Fusão II' by Denilce Luca

Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Quantos elementos amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno outros verão
Outonos caindo secos no solo da minha mão
Gemeram entre as cabeças a ponta do esporão
A folha do não-me-toque e o medo da solidão
Veneno meu companheiro desata no cantador
E desemboca no primeiro açude do meu amor

É quando o vento sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia procurando por um...

É quando o vento sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vageia procurando por um...

Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Quantos elementos amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno outros verão
Outonos caindo secos no solo da minha mão
Gemeram entre as cabeças a ponta do esporão
A folha do não-me-toque e o medo da solidão
Veneno meu companheiro desata no cantador
E desemboca no primeiro açude do meu amor

É quando o vento sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vageia procurando por um...

É quando o vento sacode a cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia procurando por um...
(Frevo Mulher - Zé Ramalho)

terça-feira, 30 de outubro de 2012


Liberdade? (by Denilce Luca)
Painting: 'The Disasters of War' by Gottfried Helnwein

Subversivo não é o artista que retrata a cena que choca; subversivo é aquele que covardemente comete o ato na realidade subjugando os direitos e a vida de outro ser. Não presenciamos tais atos e não os vemos retra
tados pois a hipocrisia da maioria incondicionalmente os protege, tênue como um véu. A ignorância é mansa, suave e amiga. Confortável.

Na arte um pênis ereto e um close vaginal certamente chocam. O “nu artístico”, bem comportado e definido pela ala hipócrita pode. Provavelmente os membros dessa ala foram capados ou infibulados.

Nem pênis, nem vagina. Nem pensar. Comer a vizinha pode. Mas não tem problema, pode-se comer a vizinha e comprar seu ‘pedaço’ do ‘céu’ na igreja mais próxima. Hoje a coisa está mais simples, elas aceitam até cartão.

Um quadro com uma criança mutilada em uma crítica aberta aos horrores do Nazismo choca. Sim, uma obra pode provocar sensações intensas. Mas o artista agride a tela. Tão somente. Críticas merecem aqueles que na realidade cometeram o ato retratado pelo artista. Mas eles, como sabemos, têm como proteção o véu da hipocrisia ou do poder. Poder que a sociedade emburrecida e controlada humildemente os confere.

Hoax nas redes sociais contendo fotos de extremo mau gosto pode. Mas cuidado com a obra que posta pois alguém lhe denuncia aos administradores da rede. Lembre-se: nem pinto, nem buceta (desculpe, pênis ou vagina).

Nem Monteiro Lobato escapa...

A hipocrisia distrai, desvia os olhos do que realmente precisa ser visto, julgado e contido. Salve as novelas, o jornalismo comportado, um viva aos nossos tempos modernos onde se clama não haver mais censura.

Que a falta de cultura continue imperando.

Que a raça humana produza seres cada vez mais incapazes. Aliás, hoje em dia nem é mais necessário que o poder queime livros (ninguém mais os lê), destrua obras (elas são bem-comportadas), contenha intelectuais (quantos sobraram??).

Assim tudo acaba mais rápido e o planeta talvez tenha chance de se recuperar criando uma nova espécie. 
"O dotado de maior conhecimento é invariavelmente dotado de maior agressividade. A ignorância é morna, meiga, enfadonha." (Denilce Luca)

Degenerate art is the English translation of the German entartete Kunst, a term adopted by the Nazi regime in Germany to describe virtually all modern art. Such art was banned on the grounds that it was un-German or Jewish Bolshevist in nature, and those identified as degenerate artists were subjected to sanctions. These included being dismissed from teaching positions, being forbidden to exhibit or to sell their art, and in some cases being forbidden to produce art entirely.
Degenerate Art was also the title of an exhibition, mounted by the Nazis in Munich in 1937, consisting of modernist artworks chaotically hung and accompanied by text labels deriding the art. Designed to inflame public opinion against modernism, the exhibition subsequently traveled to several other cities in Germany and Austria.
While modern styles of art were prohibited, the Nazis promoted paintings and sculptures that were traditional in manner and that exalted the "blood and soil" values of racial purity, militarism, and obedience. Similarly, music was expected to be tonaland free of any jazz influences; films and plays were censored.

Gottfried Helnwein

Desde 1970, Helnwein tem o abuso, a dor e a violência como mote. Em entrevista para a TRUCE Magazine, em dezembro de 2008, o artista assumiu que se envolveu com temas violentos muito cedo, especialmente tratando-se de crianças. Nessa mesma ocasião, Helnwein indicou: “No curso de minha pesquisa, eu vi fotografias forenses de crianças que eram agredidas e torturadas até a morte – principalmente por 
parentes próximos.” Nas décadas de 1960 e 1970, o fotógrafo não encontrava esse tipo de assunto circulando pela mídia, por isso suas primeiras pinturas de crianças enfaixadas causaram furor na Áustria, que nomeou seu trabalho como “arte degenerada” – ou entartete kunst, movimento artístico cultivado durante o Terceiro Reich e a União Soviética.

domingo, 28 de outubro de 2012


'Jeans Only' by Denilce Luca


O DnLiveArt foi indicado ao Prêmio Dardos por Dulce Moraes do Crazy 40 Blog (http://crazy40blog.blogspot.com.br/ ).

 O Prêmio Dardos foi criado pelo escritor espanhol Alberto Zambade que, em 2008, concedeu no seu blogue Leyendas de "El Pequeño Dardo" El Sentido de las Palabras, o primeiro Prémio Dardo a quinze blogs selecionados pelo próprio. Ao divulgar o prémio, Zambade solicitou dos blogues honrados que também indicassem outros blogues ou sites considerados merecedores do prémio.

 Segundo o seu criador, o Prémio Dardo destina-se a “reconhecer os valores demonstrados por cada blogueiro diariamente durante seu empenho na transmissão de valores culturais, éticos, literários, pessoais etc., demonstrando, em suma, a sua criatividade por meio do seu pensamento vivo que permanece inato entre as suas palavras”. As regras do prémio estabelecem que os indicados poderão exibir no seu blogue/site o selo do prémio e deverão indicar outros blogs ou sites que preencham os requisitos acima para receberem o prémio.

Obrigada Dulce, pelo carinho e incentivo de sempre.

Indico para a premiação os seguintes blogues:

 Gritos da Alma de Nádia Santos
Entre Pensamentos e Sentimentos de Vera Lúcia
(In)Feliz de Felisberto Junior
Mude de Edson Marques
Simone Poesias
Sem Pênis nem Inveja de Teresa C.
Poemas sem Pressa de Gilberto de Almeida
musicArt de José Edward Guedes


'Fallen Angel' by Denilce Luca
(...)
One of the Angels though could not keep just watching
And just dry up the Little Girl’s tears…
This Angel was fascinated by the Little Girl…

Now, more than ever this Angel seemed not to have any answer
He had no answer at all for the feelings echoing in his mind
The feelings, he, as an Angel, as a Faithful Guardian,
Could never dare to feel. Ever.

The Angel was feeling something God had imposed to earthlings: Love
The Angel wanted to go down
He wanted to be a Man
To hold the Little Girl very tight in his arms
To kiss the Little Girl’s mouth and body feeling the softness of her skin
To Love her as a Man would

All the moments the Angel had been by the Little Girl’s side
Were moments in which he felt the pain of being stabbed in the heart
He was feeling something God had imposed to earthlings: Pain
For the Little Girl could not see him...
She would never know about the Love he felt for her
The Angel wanted to be seen and loved by her

The Angel went to God and asked Him to go down
God denied.

The Angel then thought that God, Who also fell for the Little Girl’s enchantments
Would listen to her words
Angel whispered in her ears every night and made her pray in her dreams:
“Lil Girl wants Angel…. God please…..bring me my Angel….”
God did not listen to the Little Girl’s prayers

Omniscient God knew her words had been whispered by the Angel
God decided to punish the Angel
“You will go down”
“You will be born”
“You will be a man like any other”
“Not an Angel anymore”
And will be away from the Little Girl
“As you wish you will live on Earth” God said
“But Little Girl has become a Woman” God added
“You cannot be together” God said this and laughed

God broke one of the Angel’s wings to make sure he would not come back to Heaven
And started working to make the Angel be born on Earth

First, as usual, God chose parents
Then, the name…
Asked some Angels around about their opinion
They seemed to have no answer at all….
But these same Angels knew who that Little Boy was
And promised themselves not to leave him alone on Earth

Well, the Little Boy was finally born.

Angels managed to deceive God and changed The Universe Clock
And the Little Boy was born just after six months the Little Girl
Little Boy of course did not remember he once had been an Angel
Did not remember anything about Little Girl as well

They finally met
But it was not in childhood that their eyes met
Neither did their hearts
Angels were worried
“What is going wrong? They are meant to each other…..”
Very confused and upset Angels sat and kept watching
They seemed to have no answer at all
Time passed on Earth

Years…

 Little Boy became a Man
Little Girl became a Woman
They were then living separate lives
Angels had lost all their hope
And felt miserable to see all their efforts were in vain

When this story was almost coming to an end
There came a day
When Little Boy and Little Girl met again

Angels were still miserable in Heaven
And started to cry...

The Angels’ tears flooded Earth
It was raining heavily on Earth
Little Boy and Little Girl were together
Angels’ tears continued to fall
And wetted Little Boy and Little Girl’s bodies

Then, Little Boy looked into Little Girl’s eyes
Little Boy immediately recognized the Girl he had loved so much
And whispered very softly in her ears

Little Girl recognized the voice that had whispered so many times in her dreams
Angels’ tears had done something magic
They could reach Little Boy on Earth to remind him of what he was there for
He magically became an Angel again
Angel’s and Little Girl’s eyes finally met
So did their hearts and souls

Angels will certainly change the Universe Clock once again
To give Angel and Little Girl more time to love each other

Angel and Little Girl are finally together
And Angels’ laughter now echo in Heaven…


'Looking for the Girl in the Psychedelic Experience' by Denilce Luca

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


'Male' by Denilce Luca

Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.

(Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

'Mulher' by Denilce Luca                                  (Painting by Montse Valdés)


nem mais sei quantas faces tenho
quantos seres abrigo
sou o ser cuja vagina é a origem da vida e a porta do prazer
cujos seios amamentam e despertam desejos

santa aos olhos dos que concebi e deliciosamente profana aos olhos daquele que me penetra a carne e me dá seu gozo
dona da boca que sussurra a canção de ninar e palavras sujas ao contorcer o corpo de prazer

 o ser que chora e acalenta

o  mais frágil e o mais forte
o mais sensível e impiedoso
o mais estável e  mais intenso
perdido em  insanidade e preso na sobriedade

a que se ajoelha aos pés do único e é altiva por ser a rainha por ele eleita
a dona do ventre que abriga a carne de minha carne e o sêmen do amado
abençoada e maldita

não sei quantos seres, prazeres e dores abrigo
nem mais sei quantas faces tenho...


terça-feira, 23 de outubro de 2012


Sad-Eyed Man by Denilce Luca

Wherever I go
The road takes me home to you

This is the Moon trying to deceive God pretending She is the Sun going down. Red alike. Few people see. They can (The Moon and Sun) - have their moments together till the Sun completely disappears from the Sky. Just a few treasured minutes, when God and Earthlings are too busy to watch them.
(Denilce Luca)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...

Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.

Me acarinhe se quiser...
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar...

Me encante com suas palavras...
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade...
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você fez com o seu primeiro namorado...
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias...
Pelo resto das nossas vidas!!!
(Pablo Neruda)


Simone de Beauvoir

“A separação de Sartre era sempre um choro para mim.” 

"“Eis aqui meu primeiro livro – o único certamente – que você não leu antes que o imprimissem. Embora todo dedicado a você, ele já não lhe concerne.

Quando éramos jovens e, ao final de uma discussão apaixonada um de nós triunfava ostensivamente, dizia ao outro: ‘Você está enclausurado!’ Você está enclausurado; não sairá daí e eu não me juntarei a você: mesmo que me enterrem ao seu lado, de suas cinzas para meus restos não haverá nenhuma passagem.

Esse você que emprego é um engodo, um artifício retórico. Ninguém me ouve; não falo com ninguém.” 

(Prefácio de A Cerimônia do Adeus - Simone de Beauvoir)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


Esta velha angústia, 
Esta angústia que trago há séculos em mim, 
Transbordou da vasilha, 
Em lágrimas, em grandes imaginações, 
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror, 
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum. 

Transbordou. 
Mal sei como conduzir-me na vida 
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma! 
Se ao menos endoidecesse deveras! 
Mas não: é este estar entre, 
Este quase, 
Este poder ser que..., 
Isto. 

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém, 
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio. 
Estou doido a frio, 
Estou lúcido e louco, 
Estou alheio a tudo e igual a todos: 
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura 
Porque não são sonhos. 
Estou assim... 

Pobre velha casa da minha infância perdida! 
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto! 
Que é do teu menino? Está maluco. 
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano? 
Está maluco. 
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou. 

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer! 
Por exemplo, por aquele manipanço 
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África. 
Era feiíssimo, era grotesco, 
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê. 
Se eu pudesse crer num manipanço qualquer — 
Júpiter, Jeová, a Humanidade — 
Qualquer serviria, 
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo? 

Estala, coração de vidro pintado!
(Fernando Pessoa)

KRIS KUSKI - “Everything but the kitchen sink.” This is how Kris Kuksi describes the materials he uses to create his incredibly detailed sculptures. Using model kits, toys, jewelry, and random found objects, his assemblages are stunning (and large!) masterpieces of fantastic mini-worlds, dense with themes from history and mythology that bring life to the scenes from his own wonderful imagination. His sculptures are stories and ideological statements, filled with deities and monsters, religious icons and soldiers, all part of an obsessively orchestrated machine serving as a testament to, as Kris puts it, “the fallacies of Man, unveiling a new level of awareness to the viewer.” 
( from  http://www.tumblr.com/tagged/joshua-liner-gallery?before=1335652964

'Wildish' by Denilce Luca

Holden Caulfield (The Catcher in the Rye) by Denilce Luca

“Anyway, I keep picturing all these little kids playing some game in this big field of rye and all. Thousands of little kids, and nobody's around - nobody big, I mean - except me. And I'm standing on the edge of some crazy cliff. What I have to do, I have to catch everybody if they start to go over the cliff - I mean if they're running and they don't look where they're going I have to come out from somewhere and catch them. That's all I do all day. I'd just be the catcher in the rye and all. I know it's crazy, but that's the only thing I'd really like to be.” 
― J.D. SalingerThe Catcher in the Rye

Tristeza  by Denilce Luca

Queria que fosse uma vida, mas foram momentos evanescentes...

Deles você não se permitiu lembrar. Eu não me permiti esquecer.

Olhei ao lado e você não estava mais lá...
Perdi os sentidos
Perdi o sentido

A vida que eu queria nunca existiu

Contigo então vivi o que não era vida
Sonho?
Se sonho fosse a dor não seria forte ao ponto de romper a carne e torturar a alma

Amor?
Talvez sim.
Dizem que ele sim é capaz de romper a carne e torturar a alma...
Ele dura o quanto quer
Pode ser vida
Pode nada ser

Queria que fosse vida
Queria que fosse amor
Queria tudo que na verdade nunca tive.
Apenas sonhei ter tido.

Não quero mais nada
Não quero vida
Não quero amor

Não mais desejando me permito esquecer
O que achava que era vida
O que achava que era amor